Ser chefe mais
cedo do que a média dos profissionais é um privilégio que cobra o seu preço.
Há o evidente benefício de
queimar etapas e não precisar esperar tantos anos para experimentar a liderança.
Mas as armadilhas não são poucas - a começar pelo fantasma da insegurança.
De acordo com o coach
Alexandre Rangel, sócio da Alliance Coaching, muitos jovens gestores temem
não ter credibilidade perante seus pares e subordinados.
"O chefe inexperiente tem
medo de ser chamado de 'garoto' pelas costas, mas muitas vezes isso não passa
de um problema imaginado, uma fantasia", explica.
Em alguns casos, porém, a
paranoia tem fundamento. Não é raro que profissionais mais velhos se sintam
ameaçados e até boicotem o chefe mais novo por puro preconceito, observa
Rangel.
Outro desafio está em lidar
com uma equipe formada por ex-colegas. Segundo João Marcelo Furlan, CEO da
consultoria Enora Leaders, é comum que um gestor jovem acabe liderando seus
antigos pares de trabalho.
“Muitos podem fazer
questionamentos como ‘Quem é ele para dar ordens?’, ou ter dificuldades para
separar o velho amigo do novo chefe”, explica Furlan.
O
diferencial dos precoces
Mas como alguns profissionais
conseguem derrotar os desafios trazidos pela pouca idade e ter sucesso em
posições de liderança?
Para Rangel e Furlan, eles
conseguem reunir pelo menos algumas das características listadas abaixo:
1.
Eles têm um perfil facilitador
Uma das principais vantagens
competitivas dos chefes jovens é a sua familiaridade com a tecnologia.
“Eles podem ser modernos,
futuristas, inovadores, impulsivos, com a mente aberta para as possibilidades”,
explica Rangel. “Se souberem usar todas essas características para facilitar a
vida dos mais velhos, sobretudo, serão muito bem vistos”.
2.
Eles esbanjam inteligência emocional
Competência preciosa em todas as idades e níveis hierárquicos,
a boa gestão das emoções é o melhor instrumento para lidar com a desconfiança
dos outros a respeito da chefia precoce.
Líderes empáticos e inteligentes
emocionalmente conseguem entender que essas resistências são naturais e podem
ser vencidas com habilidade e paciência, diz Furlan.
3.
Eles se conhecem muito bem
Outro sinal de inteligência
emocional é o autoconhecimento, um traço essencial para a chefia em qualquer
momento da carreira.
No caso do jovem, afirma
Furlan, conhecer-se bem é fundamental para criar um estilo próprio de
liderança. É também o que traz consciência sobre suas falhas e lacunas enquanto
gestor, que deverão ser supridas com a ajuda dos demais.
4.
Eles respeitam o conhecimento dos mais experientes
Para se blindar das dúvidas a
respeito de sua competência, muitos chefes jovens vestem uma espécie de
"armadura" e caem no equívoco de ignorar a opinião dos mais velhos.
Porém, diz Rangel, a melhor atitude é a humildade: bons chefes escutam os
mais experientes, sejam eles superiores ou subordinados seus.
“No fim, a habilidade mais
importante é o relacionamento”, explica o coach. “Mais do que qualquer outro, o
chefe mais novo precisa ser aceito pela equipe, então precisa saber se
comunicar e cativar os demais”.
5.
Eles conhecem a importância do feedback
De acordo com Rangel, um dos
defeitos mais comuns dos gestores jovens é a inexperiência com o feedback.
"Eles nunca precisaram dar um retorno para ninguém, então muitas vezes
ignoram ou negligenciam esse processo", diz.
Quem reconhece o peso desse
instrumento - e sabe usá-lo bem, apesar da falta de vivências prévias - costuma
se destacar e permanecer no cargo de chefia.
6.
Eles inspiram e estimulam a equipe
Segundo Furlan a inexperiência
pode ter o seu lado bom. Um chefe com poucos anos de estrada normalmente tem um
"espírito jovem", isto é, uma vontade de quebrar paradigmas e criar
processos originais de trabalho. Todo o seu apetite pelo novo pode ser muito
estimulante para quem trabalha com ele.
A capacidade de entusiasmar a
equipe também está ligada ao tipo de relação estabelecida pelo líder. “Como a
maioria deles pertence à geração Y,
um grupo culturalmente menos apegado à hierarquia, eles podem ser mais próximos
dos seus subordinados e contaminá-los com a sua energia”, explica Furlan.
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